domingo, 26 de março de 2017

Como é que a gente sabe?

Juvenália de Oliveira Fotografia
Nunca li tão poucos livros. E não é porque sou mãe de quatro. Essa, no meu caso, é uma desculpa mal amanhada. É certo que as tarefas são imensas e que o cansaço, às vezes, é demolidor. Mas já descobri que quando quero muito ler, arranjo tempo e espaço: cinco minutos antes de fechar a luz, na sesta de meia hora do Vicente, quando o pai toma conta...Nunca li tão poucos livros, porque me perco na voracidade de tudo o que posso ver e ler na internet. Perco-me no telemóvel, no youtube, no google, no facebook e no instagram, e se há dias em que dali trago coisas que me enchem a alma, há outros em que parece que me perdi num abismo de informação vazia de que não preciso assim tanto, e que me entope os canais. Aqueles por onde entram a emoção, o silêncio, a reflexão. 
O meu regresso aos livros acontece, como agora, sempre que preciso de tranquilidade para pensar e para tomar decisões. Acontece quando preciso recentrar-me e escolher o meu lugar nalguma coisa ou, simplesmente, comigo mesma. Os livros tornam-se uma espécie de porto de abrigo onde me refugio, quieta, para voltar à essência. E para tentar entender se as oportunidades que aparecem de repente são para tragar de uma vez ou se, ao contrário, só chegam para nos testar, como se a Vida nos dissesse "ai já tens a certeza do que queres? Vamos lá ver se tens...toma lá esta tentação e vê lá se esse teu ego do tamanho da lua consegue resistir...".
Como é que a gente sabe se é a Vida a por-nos à prova, ou a dar-nos uma oportunidade de mão beijada?
Como é que a gente sabe?...