quarta-feira, 25 de novembro de 2015

As quartas-feiras das semanas que não são minhas

Os meus filhos estão na semana do pai e, como de costume, vieram hoje jantar cá a casa.
É um final de dia e serão que planeio sempre perfeitos, porque os miúdos vão e vêm, não permanecem.
Tenho o jantar planeado e as preferências de cada um alinhadas {a manga da Vitória, a cenoura cozida do Vasco, a Nutella do Duarte}, as baterias todas recarregadas, a casa num brinco, as saudades ao rubro. Quero ouvir como correu a escola vezes três, quais são os testes da próxima semana, as notícias das pseudo-namoradas, tudo o que lhes pertence e que tenho sempre medo que me fuja. À quarta-feira das semanas que não são minhas, brinco à "mãe perfeita" que cede mais da conta, que dá beijos até dizerem que estão fartos, que sorri muito, mesmo quando o dia não se prestou a grandes alegrias.
Ainda assim, nem sempre corre como o planeado. Os putos são exactamente iguais a eles próprios, com as birras e manias do costume e com as brigas irritantes de todos os dias. Para eles, não há isto de serem perfeitos à quarta-feira da semana do pai, só para provarem que nada mudou. São eles, com 14, 12 e 8 anos em estado puro, e essa constatação, que no princípio me frustra, acalma-me o espírito sempre que saem porta fora. Como agora.

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