domingo, 23 de junho de 2013

Dos meus sonhos

Ler este texto fez-me pensar nos meus próprios sonhos. E em como é fácil esquecermo-nos deles, pô-los debaixo da pedra pesada da vida, e dizer ao mundo que já não temos idade para sonhar em grande. Que isso é próprio da ingenuidade da juventude.
Um dos meus sonhos é escrever e faço-o desde que me lembro de mim própria. Desde que me lembro de ser gente.
Não tenho muitas memórias de infância, mas recordo-me da máquina de escrever oferecida pelos meus pais e das histórias policiais que lá escrevia freneticamente, inspirada nos quilos de livros da Agatha Christie que a minha mãe tinha espalhados pela casa.
Lembro-me do meu Diário de adolescente e de um livro em branco onde escrevia pequenos textos que me devolviam a mim própria. Que me apanhavam os cacos de algum desgosto, e me ajudavam a encontrar sentido.
Lembro-me de ser cronista do jornal da escola secundária, e do texto que fiz sobre o 25 de Abril que emocionou os meus pais. Talvez porque falava da minha mãe a fugir de Lisboa {grávida de mim} e do meu pai militar na Revolução.
Lembro-me da viagem que fiz com a minha turma a Paris depois de termos ganho um concurso de contos escolares {o nosso, orientado pela maravilhosa Alice Vieira}, e lembro-me de como os seus livros me coloriam os dias da infância. Aqueles que tinham menos cor.
Lembro-me de querer ser bailarina, professora e actriz e lembro-me de querer escrever. No matter what.

Quis a vida levar-me por outros caminhos, mas regressei à escrita com este blog e deste blog vou partindo para novos desafios, que chegam sempre quando acertamos o passo com o destino.
Catarina é uma inspiração por muitas razões. A mais recente, porque me ajuda a acreditar que os sonhos se concretizam. À distância de um telefonema.
Às vezes acredito que o meu telefone também pode tocar. E nesses dias sinto-me a pessoa mais feliz do planeta. E mesmo que seja só por isso, já valeu a pena sonhar em grande.

MM


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